quarta-feira, 31 de julho de 2013

Programa-se: Virada Renascentista e Ciclo de Filmes Mestres do Renascimento no CCBB




Atenção estudantes do 3º/ 4º A - Projeto FUTURO CERTO - Inscrições abertas!


O projeto Futuro Certo é uma parceria da Anhanguera Educacional com a Rede Pública de Educação para proporcionar apoio de aprendizagem aos estudantes de Ensino Médio. Para os estudantes do curso de Licenciatura em História, seria mais comum a inscrição para a Tutoria de Língua Portuguesa, entretanto, aqueles que gostam de Matemática, é possível também.

Está aberta nova chamada para seleção de alunos de graduação para atuarem como tutores do projeto FUTURO CERTOum projeto de responsabilidade social da Anhanguera Educacional voltado ao aprendizado de Língua Portuguesa e Matemática, e que tem como público-alvo alunos do Ensino Médio.
A inscrição deverá ser realizada somente pelo Ambiente Virtual de Aprendizagem (http://futurocerto.aeduvirtual.com.br), até 10 de agosto. Após efetivar o cadastro, o candidato receberá um login e senha de acesso à prova de seleção. A prova de seleção estará disponível também até o dia 10 de agosto.
A aprovação estará condicionada ao alcance da nota igual ou superior a 7 (sete) na prova.

Quem pode participar do FUTURO CERTO?                        
 Poderão atuar como tutores do FUTURO CERTO os alunos dos cursos da UniABC que atendam os seguintes critérios:
  1.  Ter completado o primeiro ano do curso e não ser aluno concluinte.
  2. Obter nota maior ou igual a 7,0 na prova de conhecimentos básicos de Língua Portuguesa e Matemática, a ser realizada no processo seletivo pelo Ambiente Virtual http://futurocerto.aeduvirtual.com.br.
  3. Ter disponibilidade de horário para os encontros presenciais - Língua Portuguesa - quinzenalmente aos sábados das 9h às 10h.  Matemática - quinzenalmente aos sábados das 10h30 às 11h30.
  4. Participar do Programa de Capacitação de Tutores (curso on line).
Os tutores que atuarem no FUTURO CERTO receberão certificados de participação:                                                                                                        
        Certificado de Tutoria Voluntária.
        Certificado de participação no Simpósio de Tutores, a ser realizado no início do Projeto.
        Certificado do Curso de Extensão de Formação de Tutores (30h).
        Carga horária de tutoria convalidada em Atividades Complementares.
        Reconhecimento pelo mercado de trabalho em projeto de tutoria voluntária.

Palestra - FALAR EM PÚBLICO: ENCARE ESSE DESAFIO


 Palestra - FALAR EM PÚBLICO: ENCARE ESSE DESAFIO.
 Palestrante:  Prof. Henrique Ohl.
 Dia 20/08 (terça feira)
 Horário: 19h30 
 Local: Auditório I, 3º Andar - Bloco B - Universidade do Grande ABC/Anhanguera.
 Com certificado para Atividades Complementares.


Henrique Ohl, é bacharel em Psicologia pelo Centro Universitário Paulistano. Desenvolve sua carreira na área de treinamento corporativo, com experiência em consultorias e varejo. Atualmente, é analista de treinamentos no Nube – Núcleo Brasileiro de Estágios (www.nube.com.br), maior agente de integração privado do país. Também atua como professor da disciplina de psicologia do trabalho.

terça-feira, 30 de julho de 2013

Reserve já sua vaga para Moto e Carro no Estacionamento da UniABC


Para realizar a reserva siga os seguintes passos:
1- Acesse:
www.usepark.com.br

2 - Clique no link SOLICITE SUA VAGA.

3 - Selecione - Santo André.

4 - Selecione - Moto UniABC - Noturno ou Carro UniABC - Noturno

5 - Preencha o formulário com seus dados pessoais e envie de sua solicitação de reserva.

6 - Aguarde o retorno da empresa Usepark.

O valor da mensalidade para Carros é de R$ 40,00  e Moto é de R$25,00. A reserva é válida até o final de seu curso.

Dúvidas e maiores informações  pelo e-mail:  mensalidade@usepark.com.br

Salas de aula de História 2013-2



1º/2º A - Sala 10 A 07

3º/4º A - Sala TC 22

6º A - Sala TC 03

terça-feira, 23 de julho de 2013

Mostra "O imaginário do Rei" em homenagem a Luiz Gonzaga no Museu da Oca (Ibirapuera) - Grátis




QUANDO:
  • de 20/07 a 15/09
    • TerçasQuartasQuintasSextasSábados e Domingos das 09:00 às 17:00
QUANTO
Catraca Livre
ONDE
Museu da Oca 
Av. Pedro Álvares Cabral, Portão 3. , s/n - Parque do Ibirapuera
Vila Mariana - Sul
São Paulo

Mostra de Cinema político no fim de férias por apenas R$ 2,00 no CCBB

Programação

>> QUARTA - 24/07
14h - A Garota de Chicago (70 min | DVD | 14 anos)
16h - O Exílio (93 min | DVD | 14 anos)
18h - Swing! (70 min | DVD | 14 anos)
19h30 -Submundo (98 min | DVD | 14 anos)

>> QUINTA - 25/07
14h - Na Sombra de Hollywood (59 min | DVD | 12 anos)
16h - Almas do Pecado (65 min | 35mm | 14 anos)
18h - Sombra da Meia-Noite (54 min | 35mm | 14 anos)
19h30 - Assassinato no Harlem (96 min | 35mm | 14 anos)

>> SEXTA - 26/07
14h - O Símbolo do Inconquistado (65 min | DVD | 14 anos)
16h - Marchando! (83 min | 35mm | 14 anos)
18h - Gertie Indecente do Harlem, EUA (65 min | 35mm | 14 anos)
19h30 - O Sangue de Jesus (65 min | 35mm | 12 anos)

>> SÁBADO - 27/07
14h - Dentro de Nossas Portas (78 min | DVD | 16 anos)
16h - Milagre no Harlem (71 min | 35mm | 14 anos)
18h - A Garota no Quarto 20 (65 min | 35mm | 14 anos)
19h30 - Juke Joint (60 min | 35mm | 14 anos)

>> DOMINGO - 28/07
- Não haverá sessão

>> QUARTA - 31/07
14h - Dez Minutos para Viver (58 min | 16mm | 14 anos)
16h - Lua Sobre o Harlem (69 min | 16mm | 14 anos)
18h - O Sangue de Jesus (65 min | 35mm | 12 anos)
19h30 - Corpo e Alma (86 min | 35mm | 16 anos)

>> QUINTA - 01/08
14h - Gertie Indecente do Harlem, EUA (65 min | 35mm | 14 anos)
16h - O Cantor de Jazz (88 min | 16mm | 14 anos)
18h - Os Filhos Adotivos de Deus (75 min | 16mm | 16 anos)
19h30 - Imitação da Vida (111 min | 16mm | 14 anos)

>> SEXTA - 02/08
14h - Swing! (75 min | DVD | 14 anos)
16h - Uma Cabana no Céu (93 min | 16mm | 14 anos)
18h - Desce, Morte! (65 min | 16mm | 14 anos)
19h30 - Aleluia! (109 min | 16mm | 14 anos)

>> SÁBADO - 03/08
14h - O Nascimento de Uma Nação (195 min | 16mm | 16 anos)
17h - Dentro de Nossas Portas (78 min | DVD | 16 anos)
19h - PALESTRA (120 min | 14 anos)

>> DOMINGO - 04/08
14h - Juke Joint (60 min | 35mm | 14 anos)
16h - Corpo e Alma (86 min | 35mm | 16 anos)
18h - Magnólia (113 min | 16mm | Livre)

sábado, 13 de julho de 2013

A Majestade

*Por Thiago Augusto Pestana da Costa

Com intenção de trocar a História tradicional e sua narrativa de guerras, e dentre outros assuntos, uma ênfase política, surge a História problema que rompe o desfile de datas e nomes maçantes visando ao avanço acadêmico, abrindo o diálogo com todas as demais disciplinas humanísticas, na formação da escola historiográfica francesa inaugurada com a fundação da revista dos Annales, criada em 1929 por Lucien Febvre, um historiador modernista, com afeição por Geografia histórica, e o historiador medievalista Marc Bloch, que se identificava com a Sociologia bastante influenciado por  Émile Durkheim.
A sensibilidade e a rigidez metodológica não se opõem, misturam-se na construção de um trono onde a majestade História toma posse para reinar na interdisciplinaridade com magnitude e louvor. Estava formada a primeira geração dos Annales.
No pós-guerra, o historiador Fernand Braudel assume a liderança do movimento, o que marca a denominada segunda geração dos Annales. Com a morte de Bloch e Febvre, Braudel assume a direção da revista,  e manteve em linhas gerais as concepções de História dos fundadores, almejando a construção de uma História total,  além de  manifestar profundo interesse pela geo-história, campo no qual desenvolveu sua tese “O Mediterrâneo de Felipe II”, obra manuscrita de memória, no período em que esteve preso durante a guerra.
Braudel também fez cravar seu nome na historiografia mundial com sua sistematização das diferentes temporalidades do tempo histórico: a curta, média e longa duração. Muitos estudantes e pesquisadores foram influenciados por Braudel, que recrutava novos talentos historiográficos que formariam a terceira geração dos Annales, a exemplo do medievalista Jacques Le Goff, de Marc Ferro e Pierre Nora, além do destacado Le Roy Ladurie que sucedera Braudel no Collège de France. A terceira geração fez desenvolver a perspectiva da micro-história, com o clássico “Montaillou” de Le Roy Laduerie, e também  trabalhava a História quantitativa, com Ernest Labrousse e outros economistas, que abrem janelas para marxismo dialogar com os trabalhos dos Annales.
Um grande marco desta geração é a conquista do espaço das mulheres na História, como demonstram dos trabalhos de  Klapish, Farge, Michèlle Perrot, esta última,  escreve sobre a história do trabalho e juntamente com  Georges Duby organiza obra de cinco volumes sobre a história da mulheres no Ocidente. Philippe Áries chama a atenção do público com sua  história da infância, na perspectiva da história cultural e do cotidiano, Foucault redireciona a política para a micro-política.
Na virada do século, emerge a Nova História Cultural, e com ela torna-se patente a influência da Antropologia no trabalho do historiador, sobretudo o olhar para o passado como o “outro”, e a problematização teórica em torno nas noções de cultura.
         Desde Braudel, a História vem ostentado o título de rainha das disciplinas, envolve-se em uma filosofia contemporânea, pós-moderna e decorrente crítica ao Iluminismo. Cultura é linguagem. O método de Geertz, a descrição densa; Bakhtin, e a teoria da cultura visual; Norbert Elias, e a civilização como arte da vida cotidiana; Foucault, e noção de estrutura micro-física do poder,  e não mais apenas o poder  ligado ao Estado e à economia; Pierre Bourdieu, a noção de “habitus” como esquemas de pensamento e ação adquiridos em um campo específico onde o sujeito está inserido; Michel de Certeau e sua contribuição para as “teorias da recepção”, que estudam as diferentes reações do que foi assistido ou lido,  não mais algo visto como uma operação passiva, e sim ativa.
         A velha ideia de uma História total impulsiona a Nova História, pelo engajamento nas mais diversas teorias, o que ocasionou certo risco de fragmentação. O historiador vai ao passado com a visão e os recursos contemporâneos para fortalecer suas raízes e preservar a sua integridade, sua majestade.


*Thiago Augusto Pestana da Costa é estudante do 2º semestre de História, esse texto foi redigido como forma de avaliação final da disciplina Estudos Históricos, do 1º semestre de 2013.

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Calouros 2013-1 Projeto Trote Solidário 2013

Calendário Geral 2013

https://docs.google.com/a/aedu.com/file/d/0B2YDPTkhA6v0SzQwWTVxNGoyMVk/edit?usp=sharing

INÍCIO DAS AULAS DO 2º SEMESTRE DE 2013 - 05/08/2013

Junho de 2013: os herdeiros e os jovens sem futuro



                                                                                     Por Fábio Pires Gavião*



     Desde a década de 1990, vem ocorrendo o “envelhecimento da população brasileira”, a paulatina diminuição relativa da população infantil e jovem; isto é, do número relativo de brasileiros entre 0 e 24 anos, o que tem sido interpretado como decorrência da tendência de queda na taxa de natalidade, fruto da disseminação do conhecimento e prática de métodos contraceptivos. A partir da década de 1970, ao passo do processo acelerado de industrialização e conseguente urbanização da sociedade brasileira, e diante do crescimento em números absolutos da população brasileira com um todo, as demandas de democratização do acesso à educação se fizeram contundentes no Brasil.
     Já na década de 1960, os governos brasileiros se encontravam em uma encruzilhada histórica – optar pela ampliação da oferta do ensino público ou favorecer a aplicação da oferta do ensino privado. Nas últimas décadas, as políticas públicas federais, estaduais e municipais voltadas para a educação, combinaram a aplicação da rede pública de ensino, sob o signo da precarização (baixíssimo investimento em infraestrutura e deterioração da remuneração dos profissionais da educação), favorecendo a expressiva aplicação da rede privada, em todos os níveis de ensino formal.
      Podemos observar que o quadro atual resultante dessa opção histórica das elites dirigentes no Brasil continua a fazer do sistema educacional brasileiro, crivado na dualidade rede pública x rede privada, uma das principais estruturas de reprodução das desigualdades sociais brasileiras. Se por um lado, saudamos a universalização do acesso à educação básica, por outro, os indicadores de frequência escolar continuam preocupantes e os níveis de desempenho escolar nas avaliações nacionais e internacionais, vexatórios.
     Nessa direção, ao tratar da juventude no Brasil, somos obrigados a pensar ao menos em duas juventudes. Na sugestão do sociólogo francês Pierre Bourdieu, devemos pensar na juventude dos “herdeiros”, qual seja, dos extratos médios e nos “jovens sem futuro”, das camadas subalternas. A juventude brasileira das camadas subalternas, portanto, constituem o epicentro, vivem e sofrem de forma imediata as contradições desse processo de penhora do futuro do país. A juventude dos extratos médios, tem sua formação escolar na rede privada, e por herança cultural, é predisposta ao melhor desempenho escolar, e portanto, terá acesso facilitado às universidades brasileiras mais prestigiadas, não raro públicas, cujos diplomas favorecem melhores chances de inserção no mercado de trabalho de níveis salariais mais elevados.
     Existem políticas públicas especializadas na população jovem, sob encargo da Secretaria Nacional de Juventude, que é atrelada à Secretaria-Geral da Presidência da República. Em geral, os componentes da Política Nacional de Juventude, padecem dos mesmos problemas das políticas públicas sociais mais amplas, ou seja, são pouco estruturantes e mais compensatórias, concentradas no combate ao quadro de vulnerabilidade social. É mais importante que pensemos no campo mais estratégico, que é o da educação mesmo, e aqui, mais uma vez, há insuficiência de políticas públicas estruturais, de políticas de Estado (permanentes e de longo prazo), combinadas com políticas de governo (transitórias, de curto e médio prazos).
Afirmar que as políticas públicas de educação são majoritariamente compensatórias, não significa que não sejam necessárias e relevantes, como é o caso de programas como o PROUNI e FIES, as políticas de cotas sociais e raciais (sic) nas universidades públicas. É sem dúvida compreensível que haja o esforço dos governos na conquista da universalização do acesso à educação, pois se trata de um direito fundamental anunciado na Constituição Federal; entretanto, não se pode perder de vista o esforço pela qualidade, e nesse prisma o problema é mais profundo e generalizado, e as iniciativas do governo federal nessa direção, com a substituição do antigo Fundef pelo Fundeb em 2006, bem como a ampliação do ensino fundamental obrigatório de 8 para 9 anos, estabelecido em 2010, e ainda a ampliação das escolas de tempo integral, não atacam de forma contundente a questão da qualidade.
      É necessário refundar, reconstruir por completo o desmonte operado nas últimas décadas na rede pública de ensino fundamental e médio no Brasil, e em especial no Estado de São Paulo, que menciono por ter nela trabalhado. O problema da qualidade começa a ser revolvido pela substancial elevação da remuneração inicial do professor e o estabelecimento de uma perspectiva concreta de carreira docente, para que se possa fazer do magistério um campo mais atrativo de formação profissional. Quaisquer outras iniciativas de políticas públicas que contornem a questão salarial do professor, não surtirão resultados significativos. Essa condição é inescapável para que a juventude das periferias tenha um futuro promissor, seja do ponto de vista da qualificação para as atividades produtivas, seja da qualificação para as práticas de cidadania. Essa condição é inescapável para que a expressão “país em desenvolvimento” tome real concretude.
     Como subproduto das transformações econômicas globais, do avanço da lógica do capitalismo financeiro e das políticas macroeconômicas neoliberais, podemos afirmar que as juventudes, tanto dos extratos médios quanto aquela das camadas subalternas, vivem sob a marca da incerteza e insegurança. É toda a rede de seguridade social típica do Wellfare state que se encontra em acelerado processo de desmonte.
      Nos extratos médios, vemos cada vez mais a condição típica da juventude sendo estendida. O rompimento completo dos laços de dependência financeira com os pais está ocorrendo em idade mais avançada, em torno dos 30 anos; nas periferias, a precoce inserção no mercado de trabalho formal ou informal, em função da necessidade da composição da renda familiar, resulta na excrescência do ensino em período noturno, o baixo rendimento escolar e a profissionalização precarizada daí decorrente.
      Lembrando o sociólogo polonês Zigmunt Bauman, a “modernidade dura” do capitalismo industrial (mais especificamente de 1870 a 1970) era um mundo de mais certezas, onde o “script”  da vida estava mais ou menos traçado. Buscava-se a formação para o exercício de determinada profissão, e com grande probabilidade vislumbrava-se uma “carreira” que se construiria em um processo mais ou menos lento, contando com certa estabilidade, seja no setor público ou privado.
     Como extensão esperada na passagem da juventude para a vida adulta autônoma, o casamento do tipo “até que morte os separe”, com tudo pago pelo pai da noiva, a reprodução da família nuclear das propagandas de margarina, a missa no domingo para fazer desfilar a roupa nova. Essa “modernidade dura” foi substituida por uma “modernidade líquida”, mundo que escorre entre os vãos dos dedos, onde as transformações ocorrem de forma ainda mais acelerada, onde o vislumbre de uma carreira é cada vez menos palpável e é substituído pelo desejo de um galope até à gerência em no máximo dois anos. Um ambiente profissional asfixiado pela concorrência, onde pisar no colega de trabalho é  entendido como condição para o sucesso. O sentimento de insegurança, de incerteza, as aferições de indicadores de desempenho, as metas a serem batidas, e relativização da ética, tudo isso tem produzido a generalização do sentimento de ansiedade  estresse e depressão, além dos altos níveis de consumo de drogas lícitas e ilícitas.
     Por outro lado, vivemos na sociedade que vangloria o consumo, onde as lógicas do mercado raptam as possibilidades de outros significados para o cotidiano. No esqueleto de nossa época, o dia-a-dia reproduz uma relação com o tempo que favorece a ampliação do sentimento de tédio. Isso ocorre pois nosso cotidiano é constituído basicamente de fragmentos e repetições, partes seriadas de um percurso que não é claro, cujo sentido e direção nos escapa. O casamento e a família são fruto de arranjos mais frágeis e formatos diversos, ou seja, a insegurança e incerteza atingem não só a vida profissional e financeira, como também os laços afetivos, hoje afrouxados. O domingo é no shopping para fazer desfilar a roupa nova comprada na semana anterior no mesmo shopping. Sapientes desse sentimento generalizado de tédio, a propaganda veicula suas inúmeras promessas de quebra da monotonia, de novidades, lançamentos, novas experiências, insistentes mensagens que preenchem todos os espaços sociais. Queira fugir da propaganda, vã missão.
   Com base em pesquisas, descobriu-se que os jovens são os mais vulneráveis ao discurso da propaganda, com seus fortes apelos libidinais, que jogam com os desejos brutos, intensos e indistintos. A juventude está diante de um cardápio simbólico de possibilidades inumeráveis de construção de identidades fragmentadas, como se a vida fosse um verdadeiro banquete onde tudo parece fascinante  onde tudo vale a pena ser experimentado, testado e logo descartado. E de fato, tudo foi experimentado e descartado, e descobriu-se que nada foi tão fascinante como prometido. É perceptível que essa juventude já não acredita mais nas promessas, e portanto, seu atual semblante “blasé”. A reprodução da disposição consumista construído antes funciona agora por “arless”, apenas por uma necessidade de manter a conexão, sem a necessidade de um fio condutor.
     Antes mesmo do consumo das mercadorias, algo que é de fato regrado pelas possibilidades reais de efetivação da compra - via inserção no mercado de trabalho e seus níveis de renda - todos consomem as imagens místicas das mercadorias e serviços. Mas a maioria da juventude das camadas subalternas consome apenas as imagens dos produtos, o que gera cumulativamente a tensão da violência simbólica,  e diante da pequena possibilidade de consumo efetivo, eleva-se a o índice de criminalidade e das taxas de mortalidade a ele atrelado, que vitima sobretudo dos jovens masculinos de 15 a 24 anos.
     Com a generalização da estratégia mercadológica de eleger como público alvo a juventude, antes estabelecida como potencialmente mais vulnerável, temos a insistente associação das imagens das mercadorias às cenas festivas de pessoas jovens, lindas, sensuais, saudáveis e poderosas. Ao cabo, resulta a imposição simbólica da juventude de vinte e poucos como padrão estético e comportamental para a sociedade como um todo.
    Como efeito dessa associação, e isto talvez não estivesse previsto, mas rapidamente foi percebido e explorado mais uma vez na lógica da propaganda, temos uma verdadeira glorificação da juventude de vinte e poucos, como se esta fosse de fato a melhor "fase" ou "período" da vida de uma pessoa; verdadeira "idade de ouro", quanto tudo seria pleno, feliz, possível, inesgotável. Ora, que suicídio precoce de uma perspectiva de vida que possibilite uma experiência mais consistente e duradoura de realizações, prazeres e descobertas concretas. É sem dúvida um profundo absurdo as pessoas se sentirem “velhas” aos trinta e poucos, da mesma forma que é patético buscar parecer "jovem" aos cinquenta. Há uma milionária indústria cosmética e de medicina estética para essas “almas” nostálgicas dos vinte e poucos - o mito da fonte da juventude eterna feita mercadoria na sociedade do hiperconsumo, diria Gilles Lipovetsky, filósofo francês.
   Nas últimas décadas, algo positivo foi o processo que podemos remontar à década de 1960, lembrando outro filósofo francês, Michel Foucault, quando assistimos à desmontagem das “sociedades disciplinares”. Cada vez mais, as novas gerações são pouco afeitas ao controle rígido de seu comportamento. Este é um tópico complexo e controverso, pois, se de um lado assistimos a exacerbação do individualismo  minando os valores do social, do público e coletivo, por outro, a afirmação da individualidade traz em si um potencial libertário diante dos referencias clássicos de identidade. É perceptível que a juventude hoje é mais propensa à valorização da diversidade cultural, à diversidade de orientações sexuais e as identidades de gênero masculino e feminino são mais fluídas. Nessa direção, podemos perceber que houve avanços nas transformações culturais e sociais propaladas pelos movimentos feminista, gay, étnico e outros, promovendo a paulatina afirmação de direitos civis em curso nas sociedades democráticas contemporâneas. A juventude atual é herdeira daquelas lutas da década de 1960 e 1970 e mais propensa à institucionalização dessas conquistas, muito embora exista na sociedade brasileira setores expressivos, quase sempre arregimentados por entidades religiosas, que se mobilizam e oferecem alguma resistência a este processo. Vivemos processos de transição, onde os delineamentos do futuro e a tradição se chocam, e é assim via de regra, nada que espante o historiador. O problema aqui é certa ameaça à laicidade do Estado.
     As manifestações tiveram como estopim os atos contra o aumento da tarifa do transporte público orquestrados pelo Movimento Passe-Livre (MPL), que é um movimento social de esquerda onde militam jovens engajados na melhoria da mobilidade urbana, e portanto, é correto afirmar que as manifestações inciaram pela ação de uma minoria jovem engajada à esquerda; mas o potencial de mobilização foi favorecido pelas imagens da tradicional truculência policial que se abateu sobre as primeiras manifestações. A juventude dos extratos médios dos grandes centros urbanos foi atraída por uma “atmosfera de engajamento” que se disseminou pelas redes sociais e grande mídia, mas também pelo estrondo que vinha das próprias ruas por onde percorreram as manifestações, regiões estas de grande índice de verticalidade urbana e portanto, de grande densidade populacional. Eu não pude participar das manifestações nas ruas, pois ocorreram em meu horário de trabalho.
     Se pensarmos na cidade de São Paulo, e tomando como indício o depoimento de um amigo pessoal que mora na região da Avenida Paulista, podemos afirmar que a análise da dimensão numérica assumida pelas manifestações também deve considerar o “irresistível chamado” (nas palavras do meu amigo) que se escutava ao longe com a frase “vem, vem para a rua vem”, misturado ao som de milhares de pessoas pisando e fazendo tremer o solo e prédios do entorno. O que espanta é a dimensão catártica, no sentido da psicologia e psicanálise, que essas manifestações assumiram, bem como o fato dessas manifestações terem ocorrido sem a direção dos tradicionais atores de mobilização: partidos, coordenações nacionais de movimentos sociais e centrais sindicais.
      Na direção da reflexão do teórico marxista francês Guy Debord, em sua clássica obra “A Sociedade do Espetáculo”,  num segundo momento, foi perceptível certa “espetacularização” das manifestações, o que não deslegitima a diversidade de insatisfações publicizadas nos cartazes e faixas que marcharam pelas ruas das cidades brasileiras. Foi como se a página do facebook se materializasse nas ruas. A dimensão difusa que a manifestação assumiu foi uma reduplicação do espectro ideológico difuso e fragmentado da sociedade brasileira como um todo, e também do seu despreparo e desconhecimento político, portanto, não tardou para que determinado odor reacionário e conservador se fizesse sentir. Houve mesmo o temor de um oportunismo golpista à direita.
     As deficiências de legitimidade e inefetiva representatividade do sistema partidário brasileiro emergiu de forma contundente nas ruas, pela expressão do anti-partidarismo (travestido de apartidarismo), como ficou claro no choque entre os "neomanifestantes", aos quais se refere a expressão “O Gigante Acordou” (simbolizados pelo uso das máscaras de Guy Falkes da série de HQ inglesa “V for Vendetta”) e os manifestantes da diminuta, porém, combativa juventude dos partidos da esquerda brasileira, como o PSOL, PCO e PSTU, que tradicionalmente promovem atos em nome de muitas daquelas “causas” que emergiram nas manifestações, juntamente com outros movimentos sociais mais específicos.
     Não é correto confundir a singularidade da dimensão que assumiram essas manifestações de junho de 2013 com um concreto e massivo engajamento político da juventude brasileira, seja dos extrados médios, seja das periferias. Tanto as análises como a narrativa do junho de 2013 ainda são precárias e sob a ótica do historiador, é necessário um recorte temporal mais amplo para um estudo mais consistente, mesmo porque, nada nos permite afirmar que novas manifestações com igual ou maior vulto possam voltar a ocorrer e enredar o junho de 2013 em outras cadeias lógicas e causais.
      Ensaiando uma análise comparativa com o chamado “movimento dos caras pintadas” de 1992, podemos afirmar que há pontos de aproximação e de distanciamento. Eu diria que o peso da mídia, a “espetacularização” e a “atmosfera  de engajamento” se aproximam, com a diferença de que em 1992, havia um mote bastante objetivo, o impeachment do então presidente Fernando Collor. Na ocasião, a grande mídia conseguiu dirigir, ou se preferir, manipular os manifestantes, tratados tipicamente como “massa de manobra”. Tratava-se de um momento político bastante diverso, de fissura no bloco de poder que não conseguiu se compor em torno de um elemento exógeno.
     Na contramão das expectativas dos principais grupos políticos do sistema partidário herdado do processo de redemocratização findo em 1985, não foi eleito um candidato pertencente a algum dos principais partidos políticos, uma vez que as urnas alçaram ao executivo federal um candidato marginal, Fernando Collor de Mello do PRN. Bastaram as acusações de participação do presidente em operações de enriquecimento ilícito, evasão de divisas e tráfico de influência para clamar a derrubada do presidente. Não obstante o desgaste político da derrocada do “Plano Collor” e o memorável confisco das poupanças, a iniciativa do impeachment se deu “pelo alto”. Derrocadas de outros planos de combate à hiperinflação não foram suficientes para derrubar José Sarney, e as acusações de práticas de corrupção não afastaram FHC ou Lula da Presidência.
        Em junho de 2013, a grande mídia tentou dirigir as manifestações, entretanto, o sentimento de descrédito generalizado com ralação às instituições públicas, englobou também as empresas privadas da grande mídia,  e isto dificultou o sucesso da manobra. Foi interessante notar que a cobertura televisiva das manifestações foram quase que exclusivamente aéreas, uma vez que os repórteres e carros das empresas de televisão foram alvejados tanto pela truculência da repressão policial, quando pela ação “não pacífica” de alguns manifestantes que “vandalizaram” a nação nas primeiras manifestações.
       Também foi interessante notar a rápida mudança no tom das abordagens da grande mídia, inicialmente condenando as manifestações, e num segundo momento, saudando o caráter cívico e pacífico das mesmas, a exemplo da correção da costumeira verborragia do comentarista Arnaldo Jabor. Nesse ponto podemos aproximar 1992 e junho 2013, a exaltação do civismo foi amplamente difundido, na mais genuína tradição verde-amarelo. Em junho de 2013, há um elemento que ganha mais força, que é o papel concorrente das redes sociais na conformação da “opinião pública”, o que torna as manobras de manipulação da grande mídia mais complexas, e essa questão certamente será objeto de pesquisa nos próximos anos.
      Caso quisermos insistir na análise comparativa histórica, podemos pousar em 1968, e, nesse caso, há mais pontos de distanciamento. Para não me estender muito e sem adentrar nos detalhes factuais, podemos afirmar que em 1968 se tratou de um movimento claramente estudantil, isto é, dirigido pelas entidades estudantis, principalmente das universidades públicas brasileiras, representada pelo seu órgão máximo, a UNE, a época de orientação claramente à esquerda, marxista. O movimento estudantil, tanto lá como cá, é permeado pelos partidos de esquerda, mas em 1968 estes foram empurrados para a clandestinidade pelo aparato repressivo do regime, hoje, gosto de acreditar que isso não seria possível.
      A juventude intelectualizada, naquele momento, buscava resistir ou mesmo derrubar o Regime Militar instalado no Brasil pelo golpe civil-militar de 1964, e parte dela acreditava, a ponto de arriscar sua vida, na possibilidade de construção de uma sociedade radicalmente diferente do capitalismo, ou seja, o socialismo. A coisa se resolveu nos termos da “Doutrina de Segurança Nacional”, ou melhor, na base do terrorismo de Estado. Em 1973, o movimento estudantil e os partidos da esquerda clandestina já haviam sido quase que completamente desarticulados, para usar um termo leve.
       O 1968 brasileiro se insere em um contexto mais amplo de ondas de levantes estudantis em diversos países, é famoso o maio de 1968 francês, e cada qual guarda suas especificidades, que materializavam as lutas contra diversos mecanismos de opressão de regimes políticos e instituições sociais marcadas pelo autoritarismo. Minoritariamente, havia também, naquele momento, uma seara mais ou menos realista da necessidade de se deflagar uma luta armada contra os regimes ditatoriais, em moldes inspirados sobretudo pela Revolução Cubana e pela Revolução Chinesa.
      O junho de 2013 está bastante distante daquele contexto de Guerra Fria, vivemos um tempo esvaziado de utopias, muito embora o extrato social que fornece quadros de militância jovem para os diminutos movimentos e partidos de esquerda marxista hoje, ainda se identifica com a parcela intelectualizada da juventude brasileira, não raro oriunda da universidade pública, com histórico de militância nas entidades estudantis; mas o peso político da UNE hoje nem de perto se compara ao da década de 1960. Talvez, a geração atual seja menos afeita à teorização das análises de conjuntura e da sua ação dentro dela, talvez ainda, também seja menos apegada à leitura.
     Sintetizando a comparação do engajamento político da juventude da segunda metade do século XX com as manifestações de junho de 2013, podemos afirmar que juventude das décadas de 1960 e 1970 aliava fortemente estética artística e política, e a juventude de 1990 e atual andava bastante preocupada apenas com estética corporal e praticamente apartada da política. Nas décadas de 1960 e 1970, os jovens dos extratos médios urbanos, eram mais permeados por uma “cultura de esquerda” ou “brasilidade revolucionária”, como  analisado pelos trabalhos do sociólogo, professor da Unicamp, Marcelo Ridenti. Hoje, isso é muito tímido.
     Seria interessante que as novas gerações fossem capazes de produzir uma nova fusão explosiva, inventiva, entre estética e política, para que tudo não se resuma apenas a uma catarse que se deslocou do seu lugar tradicional, os estágios de futebol, para emergir episodicamente nas ruas, para que tudo não se resuma a uma grande manifestação de insatisfação  sem que se tome caminho da construção de uma agenda de transformações estruturais da sociedade brasileira, e na formação de uma nova geração de lideranças políticas.
    Creio que possamos contar com saldos positivos das manifestações de junho de 2013. O movimento MPL foi vitorioso, a aumento da tarifa retrocedeu. Diante de uma mentalidade amplamente compartilhada não só pelos jovens mas por grande parte da população brasileira -  de descrença na política e o sentimento de impotência frente à inoperância das instituições públicas brasileiras, junho de 2013 serve como um exemplo nítido de que só e somente se a sociedade se mobilizar e pressionar os governos, a situação brasileira poderá mudar a favor dos interesses populares. Outro saldo positivo seria a realização de uma reforma política com participação popular, algo que só será realizado sob pressão cidadã, capaz de forçar a quebra do corporativismo dos políticos.
  Caso aceitemos que é verdade que o “o Gigante Acordou”, agora ele deve lavar o rosto, tomar café, escovar os dentes e ir para a escola da cidadania, estudar e praticar política com mais afinco e regularidade, não só tomando as ruas, mas participando das organizações da sociedade civil, dos partidos políticos, dos órgãos de representação de classe, dos sindicados, fazendo uso de instituições da democracia direta, tais como o orçamento participativo, as leis de iniciativa popular, as petições públicas e outras formas que podemos construir. O momento eleitoral, as urnas, são importantes, mas não são o mais importante. Se é verdade que a política foi tomada por pessoas que não estão comprometidas de fato com os interesses públicos do Brasil, é também verdade que isto foi possibilitado por nossa demissão no exercício pleno das práticas de cidadania, e pelo “cheque em branco” que emitimos a cada ciclo eleitoral.


*Fábio Pires Gavião, 35 anos.
Contato: fabio.gaviao@aedu.com

Licenciado e bacharel em História (Unesp), Mestre em História (Unicamp), professor e coordenador do curso de licenciatura em História da UniABC/Anhanguera. Como pesquisador tem experiência na área de História Política, com ênfase em História do Brasil República, atuando principalmente nos seguintes temas: religião, esquerda, movimento estudantil, governo João Goulart, golpe civil-militar de 1964, política e representações.


Sugestão de leituras dos autores mencionadas:

BAUMAN, Zygmunt. Modernidade Líquida. Rio de Janeiro: Zahar, 2001.

BOURDIEU, P.; PASSERON, J-C. Les Héritiers. Paris : Éditions de Minuit, 1964.

DEBORD, Guy. A sociedade do Espetáculo – comentários sobre a sociedade do espetáculo. Rio de Janeiro: Contraponto, 1997.

FOUCAULT, Michel. Vigir e punir: história da violência nas prisões. 36ª Ed. Petrópolis: Vozes, 2007.

LIPOVETSKY, Gilles. A felicidade paradoxal – ensaios sobre a sociedade do hiperconsumo. São Paulo: Cia. Das Letras, 2007.

RIDENTI, Marcelo. Brasilidade Revolucionária. São Paulo: UNESP, 2010.