HISTÓRIA DO RIO TIETÊ
por Ricardo Balsanelli
Chegada da primeira travessia a nado do Rio Tietê em 1924. Acervo do Clube Esperia
O Rio Tietê e a colonização do território
brasileiro.
O objetivo do presente artigo é proporcionar aos alunos a reflexão sobre a importância
do rio Tietê para a colonização do interior do território brasileiro, ampliando
os limites da América Portuguesa. A proposta visa explorar as questões do passado
que refletem nos dias atuais. Com a industrialização do século XX o Tietê foi
prejudicado em proporções catastróficas, mas os governantes tiveram como
objetivo principal o crescimento econômico acima de tudo, mostrando o descaso a
céu aberto de quem transita principalmente pela sua marginal nos dias de hoje,
na capital de São Paulo.
O nome Tietê vem da
língua tupi, que significa água
verdadeira ou rio verdadeiro, em
uma ótica vultosa acerca de sua importância sendo o maior do planalto, sinuoso,
com uma longa série de corredeiras e cachoeiras, e recebe um grande número de
afluentes.
É um tema pouco abordado no ensino escolar, e
ao narrar sua trajetória, vamos perceber a riqueza de detalhes para a História
e a Geografia, pois ele percorre todo o Estado de São Paulo indo até o Rio
Paraná. Ao invés de descer a serra e desaguar no mar, o Tietê escolheu o
caminho mais difícil – caminho este devido à topografia que configura o relevo
onde ele está localizado, próximo a faixa litorânea – ao passar por São Paulo e
fazer sua longa viagem para o interior do Estado com seus 1136 km de extensão. O Rio
Tietê nasce cristalino na serra de Salesópolis a 1027 metros de altitude
e “morre” em São Paulo
por causa da poluição.
Mas como também é
chamado de teimoso o rio revitaliza
na altura de Cabreúva e fica limpo em Barra Bonita a aproximadamente 450 km da nascente e, dai
por diante, o rio mostra pura beleza e alegria até a foz na cidade de Itapura,
onde deságua no Rio Paraná, divisa com o Mato Grosso do Sul. Desde o inicio da
colonização, o Tietê serviu como caminho para a penetração do território. Os
portugueses e espanhóis que aqui navegaram por suas águas ou seguiram
orientados por suas margens, os bandeirantes à procura de índios e metais
preciosos, padres na catequese, comerciantes, autoridades e soldados.
A todos o grande rio
serviu de alguma forma, além dos povoadores que partiam para tentar sua sorte
nas minas, as frotas de comércio, também conhecidas como “monções”, deram
especial relevo ao rio Tietê. Canoas com armas, escravos, vinho, azeite, sal e
artigos manufaturados abasteciam os moradores de Cuiabá. As monções percorriam
o curso até a foz, no atual Paraná, entravam por um de seus afluentes até
chegar ao Rio Paraguai, de lá alcançavam o São Lourenço e, finalmente o Cuiabá.
Porém, os índios
atacaram muitas de suas frotas que transitaram pela região e a partir do Século
XVIII, o Tietê foi cenário de umas das maiores aventuras da história
brasileira. Com a descoberta do ouro, em Cuiabá, Mato Grosso, ele se tornou
parte do caminho fluvial das monções. As viagens duravam de quatro a seis
meses, passando por diversos rios. As grandes embarcações – canoas, sobretudo indígena na
sua maior variedade – eram conduzidas a remo, e expunham os viajantes a todo
tipo de perigo e desconforto, como: corredeiras e saltos, naufrágios, epidemias
de doenças e ataques de índios e animais.
Assim, apesar das
dificuldades, o Tietê se transformou também no corredor que levava e trazia
riquezas, que fazia surgir cidades e que tornou possível o povoamento do
interior do Brasil. No século XX, o Rio Tietê era um lugar de lazer preferido
dos paulistanos, piquenique, natação, pesca e esportes aquáticos. Às suas
margens estabeleceram-se clubes de regatas, mas esses clubes não durariam muito,
devido à poluição das águas. O então prefeito da cidade Francisco Prestes Maia,
que preferiu implantar o “Plano de Avenidas”, projetando a construção de duas
extensas avenidas marginais e de 20 pontes de concreto armado. A várzea do
Tietê não foi mantida, fez-se a canalização, o rio sofreu com a instalação de
empresas ao longo de suas margens.
Vale ressaltar que o
processo de destruição da paisagem natural se baseou na ocupação do seu leito
maior e no confinamento de suas águas em estreitos canais retificados. Sufocado
com o progresso, ocupação territorial, demográfica e industrial sem controle.
Os loteamentos se sucederam sem respeitar uma lógica ordenada da cidade, mas
levando em consideração apenas os interesses econômicos. As atividades
esportivas continuaram até a década de 1950, quando o Tietê transformou-se em
esgoto a céu aberto na cidade de São Paulo.
Hoje em dia, são despejadas diariamente cerca
de 134 toneladas de lixo inorgânico em suas águas, e o índice de oxigênio é
zero. O Rio Tietê volta a dar sinais de vida somente após a cidade de Salto. O
rio fica limpo por causa da barragem de Barra Bonita que faz a decantação das
impurezas e também por que muitos afluentes trazem água limpa nessa região.
Deste modo, o tema proposto pretende trazer reflexões mais profundas e
compreender a importância da temática para o estudo do recorte estabelecido.
Trazendo o debate em sala para entendimento da dinâmica da história,
destrinchando o conhecimento e trazendo a luz os esclarecimentos a um
determinado assunto.
ANEXO: Fotos e documentos - História do rio Tietê -
Clique Aqui
Referências
Bibliográficas
Tietê - Água Verdadeira (Memorial
do Rio Tietê - Salto/SP)
Publicado em 22/09/2012
DIVULGAÇÃO COM FINALIDADE
EDUCATIVA.